Sérgio Botelho – Antes do serviço de táxi ser implantado em João Pessoa, o sistema de transporte público individualizado era feito pelos “carros de praça”, geralmente Ford, Chevrolet e Mercury da década de 1940, postados na Praça Vidal de Negreiros, o Ponto de Cem Réis. Ali era o coração da cidade, servindo como ponto de convergência a todas as linhas de bonde locais, mas também como ponto de encontro e convivência social. O serviço era exercido pelos choferes, os motoristas profissionais da época, que utilizavam veículos registrados e regulamentados para atender passageiros, cobrando tarifa baseada na distância percorrida, no tempo da viagem ou em uma combinação de ambos. Os preços eram acertados antes do deslocamento - embora baseado numa tabela definida pela Inspetoria de Tráfego - entre o cliente e o dono do veículo, pois o uso de taxímetros para calcular automaticamente o valor da tarifa de uma corrida eram até previstos, mas não adotados. O sistema trazia certa flexibilidade, mas também exigia clareza nos acordos para evitar desentendimentos. Os carros de praça eram símbolos de prestígio e inovação para a época, frequentemente utilizados em ocasiões especiais como casamentos, funerais e eventos sociais de destaque. Para muitos, viajar em um desses automóveis era um luxo, um reflexo do avanço tecnológico que começava a impactar o cotidiano da cidade. Essa fase da história urbana de João Pessoa nos transporta a um tempo em que a cidade tinha um ritmo mais pausado, e as relações entre as pessoas eram marcadas por um contato direto, quase artesanal, entre o serviço oferecido e o cliente. Com o tempo, a necessidade de um sistema mais organizado e justo levou à introdução do táxi com taxímetro, que oferecia mais transparência e segurança aos passageiros. Mas os "carros de praça" e seus choferes marcaram época na história do transporte pessoense.
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