Por: | 04/08/2025
Poema
Hildeberto Barbosa Filho
Morreste, mãe, mas a morte
já
rondavas em tua pele, em tua alma.
A morte já te roia, lenta e vorazmente,
o último escapulário de esperança.
Morreste, mãe, mas estavas digna
e destemida perante os facões da morte,
assim como destemida e digna viveste
em meio aos rubros verões da vida.
Morreste, mãe, repartindo as poucas
coisas tuas, como icônicas partículas
de afeto, com o que ficou, também
menos vivo com tua dura e duradoura
morte. Menos vivo e mais sozinho
sem tuas amadas safras de carinho.
(Do livro “Ira de viver”, 2000. Em memória de minha mãe, Claudete da Costa Barbosa, Dona Detinha: 04/08/31 - 10/10/97)