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Em "NOTAS TEÓRICAS SOBRE AS BIOGRAFIAS" - Páginas 91 a 94 -, um parágrafo da página 92 me fez pensar que se eu não tivesse publicado minha AUTO B/I/O GRAFIA em 2023, muita gente iria pensar que eu fora por ele influenciado:
- a vida de qualquer pessoa - diz Hildeberto -
é, na verdade, uma experiência descontínua, um enredado fragmentado, cheio de condensações e deslocamentos, em sua mobilidade inapreensível e na sua impenetrável subjetividade.
Claro,
nada de nasci em tanto de tanto de mil e novecentos e tanto. Começo minhas memórias com meus 22 anos, em Pombal, onde trabalhava no Banco do Brasil, e tive uma série de oportunidades absurdas como quando seu Nicácio Arnaud, ao nos indicar a camioneta acionada a manivela, em que iríamos ao seu sítio, disse:
- O Solha leva.
- Eu não sei dirigir, seu Nicácio.
- E tem o que saber? Eu giro a manivela, ali na frente, você pisa no motor de arranque, solta a embreagem devagar, e ... vam´s´imbora.
Dito e feito.
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Aí chega um colega novo, no BB, querendo um texto teatral para a morte do estudante Édson Luís, no Rio.
- O Solha faz.
Nunca tivera qualquer experiência no ramo, mas escrevi o texto naquela noite, dias depois criei cinco músicas para o espetáculo e acabei sendo seu ator principal.
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No ensaio "A POESIA VESTIDA", Hildeberto Barbosa Filho diz, página 29:
- O músico, quando lê o poema, pondo-o em partitura melódica, mantém o poema em seus fluxos originais, porém engendra um outro, tecido em nova forma e elaborado com os fios de outros artefatos , numa atividade de leitura relativamente aberta e absolutamente inventiva, onde o poder do discurso descritivo cede aos sortilégios da sugestão.
Vi meus versos de cordel, martelo agalopado e gemedeira enriquecidos pelo maestro Kaplan em 79, na Cantata pra Alagamar. Vi meus personagens Dulcineia e Trancoso em belíssimos duetos criados pelo maestro Eli-Eri Moura para a ópera armorial que seria montada no Recife, Rio, Salvador e em Roraima. E imagine a surpresa que tive ao assistir ao ensaio geral do Oratório Via-Sacra, de Ilza Nogueira, quando solistas, coro e sinfônica entoaram meus versos vestidos com a grandiosa Ressurreição, de Mahler!, e - genial contraste -: para o momento em que Cristo sai com a cruz nos ombros, vi meus versos com a música belíssima de Triste Partida - do Patativa do Assaré:
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Identificamo-nos, todos, co´a cena
de um homem que arrasta a cruz para o além,
na mente, os espinhos,
no espírito, as rosas,
as luzes e trevas que a vida contém....
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FORMA E BELEZA - Ensaios Literários - de Hildeberto Barbosa Filho.
Na mosca
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