Hildeberto Barbosa
Hildeberto Barbosa
Hildeberto Barbosa

Aprendendo com Montaigne

Por: | 23/02/2024

Gosto de ler Montaigne no meu dia a dia. Montaigne é um daqueles autores enciclopédicos. Na perspectiva de uma leitura relacional, quando leio Montaigne, leio mais que Montaigne. Leio, por exemplo, Sexto Empírico, Sócrates, Plutarco, Epicuro, Lucrécio, Pitágoras, Ovídio, Sêneca, Juan Francisco Pico de la Mirandola, Nicolau de Cusa, La Boétie. Procuro, portanto, fazer o meu círculo de leitura dentro, é claro, dos meus pequenos limites. Nem frequento o latim nem o grego, como o mestre bordalês, mas ele, na sua disposição e generosidade intelectuais, me convida para essa longa e saborosa viagem. Com ele e com seu método enviesado e oblíquo, escorregadio e estimulante, ao mesmo tempo lúdico e grave, aprendo que o pensamento se enriquece com o jogo edificante do diálogo e da partilha. Descubro também o segredo das conexões temáticas, a sabedoria da dúvida, o valor do ceticismo, a convicção de que não se deve subestimar nada nem ninguém, a coragem da posição investigativa. Meu amor aos livros também cresceu, e como cresceu, depois que li Montaigne. Definitivamente, depois que li Montaigne, passei a desprezar qualquer idolatria e desconfiar dos argumentos de autoridade, das certezas e dos dogmatismos.


FONTE: Facebook - Acesse

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