Sempre que chove, imagino que a natureza fica toda molhada e preanuncia um orgasmo cósmico. Gotas translúcidas caem sobre o corpo da terra como carícias naturais. Os órgãos do mundo se transmutam em zonas erógenas, os rios se deixam inundar com as águas ancestrais, os mares rugem na cópula das espumas, a vegetação se renova e vibra, num espetáculo cíclico; os animais, bichos maiores e menores, em sua sagrada biologia, saem de seus ocultos habitats, para sorver o hálito inesperado da vida. Sempre que chove me entrego a essa fantasia amorosa como se participasse de um banquete de deuses e deusas enamorados. De uma orgia especial fora da curva do tempo.