Mirtzi Lima Ribeiro
Mirtzi Lima Ribeiro
Mirtzi Lima Ribeiro

Novos pressupostos para uma vida mais harmônica

Por: | 06/06/2024

Novos pressupostos para uma vida mais harmônica

 

Mirtzi

 

No que diz respeito à vida do ser humano, atualmente, estamos diante de um cenário mundial e local bem atípico, nada normal.

Há um processo que vem se agravando ao longo de muitos anos e que precisa ser avaliado e tratado. Os problemas não surgem como um passe de mágica, eles vão acumulando elementos até a sua saturação, onde ocorre um ápice. É como uma doença, que tem um período de incubação, depois o período de sua manifestação, os sintomas que maltratam, até a identificação do mal que acomete a pessoa, o subsequente tratamento, não apenas para debelar os sintomas, mas, curar o mal em si.

A sociedade está adoecida. Aqui no Brasil, um país heterogêneo, com uma desigualdade bem evidenciada, esse cenário se torna particularmente difícil, onde os problemas ganham um peso exponencial. Qual é essa doença?

Podemos identificar três pilares nessa questão: 1) a alimentação; 2) o comportamento; e, 3) a dupla unificada de crenças e de hábitos delas decorrentes.

 

ALIMENTAÇÃO

Na questão da alimentação, há a industrialização ostensiva de alimentos, com inúmeros ingredientes químicos que agridem à saúde ou a deixam descompensada. Do mesmo modo ocorre com o modo de cozinhar alimentos, que antes era comum o uso de panelas de alumínio, que leva muita toxidade aos alimentos. Hoje a recomendação é o uso de aço cirúrgico, cerâmica, porcelana ou vidro temperado. Servem as antigas panelas de barro à venda em feiras livres e lojas do gênero.

Além desse aspecto, há pesticidas em profusão nas verduras, legumes, frutas, grãos e outros gêneros, que envenenam a população. Junto a esses perigos, os alimentos transgênicos, potencializou a preocupação com os alimentos ingeridos.

A pesca predatória, que não dá chance aos cardumes se recuperarem, é outro aspecto que flagela a vida contemporânea. O confinamento de animais em espaços exíguos e a administração de muitos hormônios (porcos, bois, búfalos, frangos), é outra face dos venenos ingeridos. Em alguns países isso foi identificado e divulgado: animais, cujo confinamento não dava para eles se mexerem, e, os hormônios administrados para acelerar o seu crescimento, dados em tal quantidade que seus corpos ficam desfigurados. Tudo isso afeta diretamente quem consome esses produtos.  Para reverter ou contrapor esse processo, na Europa, criaram um movimento de produtos “bio”, em que os animais têm maiores espaços e o uso de hormônios passou a ter controles mais rigorosos.

 

COMPORTAMENTO

No comportamento do ser humano, iremos identificar vários defeitos de caráter, que não são tratados e alguns deles são até mesmo incentivados em sociedade. Neles podemos observar o imediatismo associado à deslealdade. Quando esses dois elementos estão associados, visam encurtar os caminhos para lograr êxito nos anseios e projetos. Além de fomentar o surgimento de outros defeitos de caráter, pode gerar uma quebra de fundamentos básicos como a ética e quebra de outros princípios saudáveis, que secularmente se demandava aos indivíduos. Há o egoísmo associado à ganância, que tem levado pessoas a usar de todos os meios (lícitos e ilícitos), para conseguir o que desejam no menor tempo possível. A sociedade praticamente cobra uma rapidez quase impossível pelos meios lícitos e isso é pernicioso porque alguns recorrem a atalhos que burlam as leis e a honra.

A cobiça, o negacionismo aos reais problemas humanos, a disseminação de informações falsas ou a deformação de informações, inclusive em relação a questões econômicas, de infraestrutura, principalmente as demandas sociais e gerais da população. Observamos junto a isso a violência, a agressividade, a intolerância, o autoritarismo, a ausência de empatia e uma série de outros adjetivos pejorativos que decorrem desses.

 

CRENÇAS E HÁBITOS

Quanto às crenças e hábitos: a prosperidade a todo custo é um malefício e um perigo. Essa crença que foi implantada nas pessoas, é terrível. O que as elas desejam, tem que ter um resultado rápido e prático. As coisas são descartáveis: alimentos, emoções, contatos e nos relacionamentos. Tudo passou a ser “fast”, rápido, volátil: a comida, os objetos, os relacionamentos, e principalmente os equipamentos. Antigamente estes duravam mais, atualmente, não. Na era da informática e da tecnologia, tudo é muito rápido: a cada seis meses temos substituição com novas atualizações ou upgrades. A tecnologia que avança aceleradamente, torna o modelo anterior completamente obsoleto, portanto, descartável.

Há uma banalização do que deveria ser importante e essencial, que hoje em dia, passou a não ser valorizado. Então, essa é a grande doença, a inversão dos valores.

Ao observar tudo isso, esse tipo de doença tem espectro amplo.

 

QUAL A CURA?

O que podemos fazer para mudar esse cenário?

Abraçar e impulsionar conceitos com vistas a uma mudança substancial de entendimentos e de perspectivas, da compreensão humana em relação a tudo isso que foi aqui descrito.

O que é mais saudável fazer? Quais as ações que precisamos empreender?

Há algumas décadas, o processo de repensar e reformular essa anomalia já vem em andamento e cresce entre pensadores e pessoas que empreendem projetos com vistas a aprimorar os paradigmas que temos até então.

Logo, despertar para essa problemática já se constitui um grande avanço na consciência. Isso porque a demanda para o próximo século será pensar e agir com consciência individual e coletiva ao mesmo tempo, onde o conjunto precisa ser priorizado em detrimento do particular. Trabalhar com demandas difusas e encontrar o ponto de equilíbrio entre elas. Daqui para a frente é necessário incluir neste contexto o planeta, o cosmos, a harmonia que precisa haver entre todos os habitantes deste planeta e seu entorno.

Ao tomar consciência, se deve buscar solucionar essas questões na vida prática pessoal e comunitária (local, regional, territorial, continental e intercontinental). Em paralelo a isso, será preciso disseminar esses conceitos inclusivos, e, quais as soluções para sair dessa situação em que se encontra a humanidade na atualidade.

É preciso uma educação de qualidade em todos esses aspectos, integrando a ela novos pressupostos, como a transdisciplinaridade, o pensamento sistêmico e a ecologia profunda.  Com esse pensamento robusto no campo da instrução e do conhecimento, é que poderemos construir de modo massificado um novo pensamento e, consequentemente, uma nova maneira de viver em sociedade. Esse é um trabalho de grande envergadura, uma semeadura para o porvir (que não demore tanto, diante de tanta heterogeneidade).

A questão é: você está disposto a abraçar essa visão equilibrada a respeito da vida e do comportamento?

Será inteligente se nos unirmos a todos os movimentos que estão disseminado e incorporando estes ideais que devem reformular o status quo atual, doentio, para sermos saudáveis enquanto sociedade.


Todos os campos são obrigatórios - O e-mail não será exibido em seu comentário