Antonio Caldas
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Morre o professor Paul Singer, aos 86 anos

Por: | 05/11/2024

 

Economista, docente da USP e fundador do PT, foi um dos pioneiros da economia solidária no Brasil

Paul Singer – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

Faleceu nesta segunda-feira, às 20h10, de infecção generalizada, Paul Israel Singer, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Tinha 86 anos e estava internado no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo.

Singer era formado em economia e fez doutorado em sociologia na USP, orientado por Florestan Fernandes. Nasceu na Áustria em 1932 e veio para o Brasil em 1940, fugindo da perseguição nazista aos judeus. Naturalizou-se brasileiro em 1954.

Antes de ingressar na vida universitária, foi metalúrgico e participou da greve dos 300 mil, que parou fábricas em São Paulo por mais de um mês, em 1953. Integrou as fileiras do Partido Socialista Brasileiro também.

Nos anos 1960, participou da fundação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), onde permaneceu até 1989. Foi aposentado da USP compulsoriamente em 1968, em virtude do AI-5, e em 1974 foi preso pela ditadura militar, ficando por uma semana detido.

Em 1980 integrou os quadros de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Atuou como secretário de Planejamento do município de São Paulo durante a gestão de Luiza Erundina (1989-1992).

Singer foi um dos pioneiros do conceito de economia solidária no Brasil e ocupou cargos nessa área nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) e Dilma Rousseff (2011-2016).

Pela ocasião do falecimento, a FEA publicou notas de pesar nas redes sociais e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) também lembrou seu ex-aluno no site da instituição.

Em artigo para o jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que trabalhou com Singer no Cebrap, lembrou o amigo. “O que o caracterizou como intelectual?”, reflete Cardoso. “Não tenho dúvidas, seu rigo metódico, seu amor aos dados, à pesquisa, e o nunca haver perdido a noção de que a economia, como as demais ciências sociais, não dispensa o olhar do humanista.”


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