Em maio de 89 pintei este quadro de grande porte para o Sindicato dos Bancários da Paraíba: eu fazia parte da diretoria e estava almoçando sozinho, no restaurante da entidade, quando, ao ver a parede vazia à minha frente, lembrei-me de que Leonardo píntara A Ceia no restaurante da igreja de Santa Maria delle Grazie, de Milão, e me veio à mente o trecho que eu lera, na noite anterior, da História da Filosofia Ocidental, de Bertrand Russell, em que ele compara o cristianismo ao marxismo, e "vi" essa tela de 3 metros e 60 pronta, com Marx dizendo "Um de vós me trairá", causando aquela mesma celeuma dos discípulos - agora substituídos por Lênin e Stálin, Fidel e Che, Mao e Ho-Chi-Minh, Trotsky e Allende - Gorbachov com a mão na cabeça.
Em novembro caiu o Muro de Berlim. Dois anos depois acabou-se a União Soviética.
Há uns dois meses revi o quadro, lá na Beira-Rio, depois de 36 anos, e me impressionei com a sensação de que acabara de pintá-lo, tão bem conservado está.
Note que no esboço constavam Lech Walesa e Prestes, que não incluí na tela. Lembrei-me disso quando a filha de Prestes e Olga Benário esteve aqui em casa, pedindo-me que criasse um cartaz comemorativo da Coluna de seu pai.
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