Hildeberto Barbosa
Hildeberto Barbosa
Hildeberto Barbosa

Seção dos paraibanos

Por: | 11/08/2025

Letra Lúdica

Hildeberto Barbosa Filho
Seção dos paraibanos

Na minha biblioteca, a seção dos autores paraibanos é uma das mais frequentadas. Gosto de conhecer o que está perto de mim. Gosto de saber o que escreveram e escrevem os meus pares, o que se escreveu ou se escreve sobre eles e elas.

Sempre tive uma queda especial pelas literaturas periféricas, provincianas, mais ou menos invisíveis aos olhos colonizados dos que restringem o mapa literário do Brasil à ilusória magnitude dos grandes centros culturais.

Daí, a minha habitualidade para com o autor ou a autora de minha terra, convicto de que se faz necessária a convivência crítica com as suas obras, tanto do passado quanto do presente. Sou dos que defendem a ideia de que o conhecimento do mundo começa pelo conhecimento de sua casa.

Pois bem, as estantes ocupadas pelos autores e autoras locais constituem parte essencial dessa casa literária. Uma parte mais doméstica, mais íntima, mais próxima dos afazeres amorosos da leitura. A partir dessa leitura, não raro faço a magnífica viagem ao universo dos clássicos e da alta literatura de modernos e contemporâneos.

Os livros são arrumados com base no nome dos autores. Dispenso, aqui, os critérios de assunto, gênero, finalidade. Junto aos autores aquelas obras que os têm como objeto de estudo, a exemplo dos perfis biográficos, análise crítica, monografias, ensaios etc.

A tendência, então, converge para a organização de um pequeno, porém, variado acervo bibliográfico do escritor ou a respeito dele, o que pode me garantir uma noção mais ou menos qualificada de sua trajetória literária, filosófica e científica.

Vou dar um exemplo, valendo-me de uma figura do passado que teve iluminada presença na vida literária da Paraíba, sobretudo, nos idos efervescentes da década de 20. Quero me referir a Carlos Dias Fernandes, autor prolífero, polígrafo e polimata dos mais irrequietos da província.

Junto às suas obras de gêneros e temáticas diversos (poesia, ficção, crítica, filosofia, história, educação, economia e outras modalidades do conhecimento), coloco os livros que foram escritos sobre ele, a saber: Carlos Dias Fernandes: Notícia biobibliográfica, de Eduardo Martins; Carlos Dias Fernandes: Mensagem Esotérica em Poesia Olímpica de Glória, Cruz e Amor, de Lauro Neiva; Carlos Dias Fernandes, o mamanguapense, de Adiel Rodrigues, e Carlos Dias Fernandes: vida e obra, de Marcos Cavalcanti de Albuquerque.

Não poderia, aqui, deixar de remeter o leitor para alguns estudos pontuais a respeito da obra do mamanguapense ilustre, a cargo de Andrade Murici, Gilberto Amado, Massaud Moisés, Ernani Satyro, Celso Mariz, Osias Gomes, Eudes Barros, Evandro Nóbrega e Maria das Graças Santiago.

Por que faço assim? Ora, porque isso me facilita o trabalho de pesquisador, além de me assegurar um sentido, quando me é dado escrever alguma coisa acerca da obra e da vida dos autores.

(Publicado em 10/08/25, em A União)


FONTE: Facebook - Acesse

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