Hildeberto Barbosa
Hildeberto Barbosa
Hildeberto Barbosa

A caça

Por: | 20/08/2025

Dizem

que a beleza

me premiou

com sinais

ambivalentes.

Sou bela,

eu sei,

mas me dizem

louca,

perigosa,

perversa.

Dizem

que domino

as antigas artes

do amor,

os aclives,

distorções, paisagens

interditadas.

Quem

comigo fica,

dizem,

está condenado

ao massacre

da luxúria

nunca

saciada.

Dizem

que tenho poderes

infernais,

que não sou bem

uma mulher,

mas uma entidade

diabólica

que nasceu

para encantar,

seduzir,

dilacerar

solitários,

velhos corações.

Dizem

tanta coisa de mim.

E eu, de mim,

quase nada sei.

Todas

as noites,

pinto a boca

de vermelho,

me perfumo

com loções

letais,

me visto

com a solidão

de sempre,

e vou à caça.

(Do livro inédito, O ácido aroma de poemas ordinários)


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