Segundo Marcel Gauchet, historiador, filósofo e sociólogo francês, “a distinção entre direita e esquerda política tem suas raízes na Revolução Francesa (1789), particularmente na Assembleia Nacional Constituinte. Durante os debates sobre o poder do rei e o futuro da monarquia, os representantes que defendiam a manutenção da autoridade real e das instituições tradicionais, os girondinos, sentavam-se à direita do presidente da Assembleia, enquanto os partidários que defendiam reformas mais radicais, como a abolição da monarquia, os jacobinos, posicionavam-se à esquerda”.
Dessa forma, usam os termos “fulano é de direita” ou “de esquerda” quando se referem às posições dos que “vestem camisas” enquanto representantes da disseminação de ideologias político-partidárias, sendo os “de direita”, e seus simpatizantes, “substancialmente voltados às ações tendenciosamente excludentes, desumanas”. Seus opositores, os que se situam “à esquerda” dos “conservadores”, ainda que eventualmente tenham utilizado e utilizem de violência em suas tentativas revolucionárias (pouco ou nada fundamentados nos princípios da cultura espiritualista, mas baseados no “Materialismo Histórico” – teoria marxista que estuda a história pela relação entre a produção material e as classes sociais), os “de esquerda”, mesmo ainda submetidos aos mandos e desmandos dos capitalistas “selvagens” – e por isso mesmo –, reivindicam o respeito à Vida, principalmente às vidas dos menos abastados, e o estabelecimento (legal) de seus direitos “naturais” e deveres cidadãos.
Enquanto artista e cidadão sou frequentemente inquirido sobre minha posição política partidária (sendo frequentemente considerado “de esquerda” pelos de direita, “de direita” pelos de esquerda, “deísta” pelos ateus, “ateu” pelos cristãos e “cristão” pelos comunistas), quando então argumento que, sendo artista, penso não dever ser outra coisa além de “anarquista”, sendo o Anarquismo, sucintamente considerado, uma teoria política que "defende o fim do Estado e da propriedade privada" – o que frequentemente, e não tão erroneamente, significa que o anarquista é um “bagunceiro”, já que a reivindicação de que não sejamos administrados por qualquer forma de governo e de que, individualmente, não devemos possuir nada do que devem ser os bens comuns bagunçaria mesmo o atual status-quo da sociedade mundial.
Contudo, sabe (ou deve saber) o Artista, sendo os conceitos que sustentam a(s) realidade(s) histórica(s) – ou identidades culturais e mesmo as pessoais – inventados (tais quais os que geram as obras de artes, fundamentados na subjetividade antes de se tornarem objetivos), nos embates e combates entre os tendenciosamente humanos e os desumanos é preciso fazer desconstruções do que foi perversa, secular e sistematicamente validado e imposto enquanto “únicos bens” às necessárias mudanças de sentimentos, pensamentos e ações em prol do desenvolvimento social de uma plena humanidade.
Pelo que me parece, não há, nunca haverá uma solução definitiva para o(s) graves problema(s) sociais, que se avolumam. Como não desejaria o Leão da Montanha, não parece haver escapatória à direita ou à esquerda dos movimentos sócio-políticos partidários, sendo assim uma tarefa destinada a ser realizada tão somente pelos Mestres do Impossível.
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