Ranieri Botelho
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Ranieri Botelho

CRÔNICA: O PALCO DA INTOLERÂNCIA

Por: | 15/10/2025


✍️ Por Ranieri Botelho


Na manhã cinzenta de São Paulo, o silêncio das ruas foi rompido não pelo som da arte, mas pelo ruído seco das botas da Guarda Municipal.


O Teatro de Contêiner, símbolo da resistência cultural, foi invadido como se fosse um quartel inimigo — quando, na verdade, ali habitava apenas o sonho, o talento e a expressão livre de artistas que acreditam em um Brasil mais sensível e democrático.


A mando do prefeito Ricardo Nunes, homens da guarda municipal de São Paulo, armados com armas de grosso calibre apontadas para artistas indefesos e com seus escudos avançaram sobre atores, músicos, poetas e produtores.

Usaram spray de pimenta, empurrões e ameaças contra pessoas indefesas, cuja única “arma” era a arte.


Foi uma cena brutal e simbólica: o poder armado calando o poder da palavra.


O teatro, que sempre foi um espaço de liberdade, transformou-se em palco da repressão.

Os aplausos deram lugar ao medo.

Os holofotes, à fumaça das bombas.

E o público, perplexo, assistiu à barbárie no coração de uma cidade que se diz moderna — mas ainda ecoa os fantasmas da ditadura.


Esse episódio não é isolado.

Estados e cidades governadas por bolsonaristas demonstram, a cada ato, serem herdeiros fiéis da mentalidade autoritária: inimigos da arte, da crítica, do pensamento e, principalmente, do povo.


Usam o discurso da “ordem” para justificar a violência, e o “combate ao vandalismo” como desculpa para perseguir quem ousa pensar diferente.


Mas a arte não se cala.

A cultura resiste.

Cada artista ameaçado carrega mil vozes, mil cores, mil futuros possíveis.


E enquanto houver um palco, um microfone e uma canção — a liberdade seguirá viva, mesmo sob o peso das botas.


ABAIXO A DITADURA!

VIVA A CULTURA!

VIVA A DEMOCRACIA!


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