✍️ Por Ranieri Botelho
Na manhã cinzenta de São Paulo, o silêncio das ruas foi rompido não pelo som da arte, mas pelo ruído seco das botas da Guarda Municipal.
O Teatro de Contêiner, símbolo da resistência cultural, foi invadido como se fosse um quartel inimigo — quando, na verdade, ali habitava apenas o sonho, o talento e a expressão livre de artistas que acreditam em um Brasil mais sensível e democrático.
A mando do prefeito Ricardo Nunes, homens da guarda municipal de São Paulo, armados com armas de grosso calibre apontadas para artistas indefesos e com seus escudos avançaram sobre atores, músicos, poetas e produtores.
Usaram spray de pimenta, empurrões e ameaças contra pessoas indefesas, cuja única “arma” era a arte.
Foi uma cena brutal e simbólica: o poder armado calando o poder da palavra.
O teatro, que sempre foi um espaço de liberdade, transformou-se em palco da repressão.
Os aplausos deram lugar ao medo.
Os holofotes, à fumaça das bombas.
E o público, perplexo, assistiu à barbárie no coração de uma cidade que se diz moderna — mas ainda ecoa os fantasmas da ditadura.
Esse episódio não é isolado.
Estados e cidades governadas por bolsonaristas demonstram, a cada ato, serem herdeiros fiéis da mentalidade autoritária: inimigos da arte, da crítica, do pensamento e, principalmente, do povo.
Usam o discurso da “ordem” para justificar a violência, e o “combate ao vandalismo” como desculpa para perseguir quem ousa pensar diferente.
Mas a arte não se cala.
A cultura resiste.
Cada artista ameaçado carrega mil vozes, mil cores, mil futuros possíveis.
E enquanto houver um palco, um microfone e uma canção — a liberdade seguirá viva, mesmo sob o peso das botas.
ABAIXO A DITADURA!
VIVA A CULTURA!
VIVA A DEMOCRACIA!
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