Em época de pré-eleições, conversas sobre nomes de candidaturas a gestores públicos transitam entre argumentos fundamentados no bom-senso, mais raros, e os que tendem justificar gostos pessoais àqueles que, independentes de terem currículos comprobatórios de honestidade administrativa – outros mais raros ainda – são “amigos” de certos eleitores, aos quais prometeram benefícios individuais e familiares, sem que lhes importem suas incompetências profissionais.
Claro que “a liberdade” de decisões dos eleitos sobre o que fazer – seja líder comunitário, sindical, vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores ou presidentes – gera não raro más consequências, sendo as piores não aquelas que, próprias dos carmas de maus gestores, lhes tornam momentaneamente indesejáveis aos olhos de seus possíveis futuros reeleitores, não constituindo isso problema pra grande parte deles. Pois assim como não lembra mais quão rigoroso foi o inverno ou o verão passados, sabem que o povo tende a se esquecer do vampirismo de certos candidatos, voltando a eleger os que, durante décadas, andaram tirando para si e para “os seus” muito mais do que ofertaram a melhor condição de vida dos que os elegeram porta-súplicas.
Dentro deste quadro, então, é sempre preferível que a propaganda pré-eleitoreira seja feita em cima da cara sorridente e sem vergonha daqueles que, entre processos judiciais que investigam seus muitos maus feitos, muitas vezes se mostram candidatos novamente em todos os veículos da Mídia – recurso cada dia menos convincente a um número significativo de conscientes eleitores, entre outros como: apertos de mãos, tapinhas no ombro ou fortes abraços; quer em crianças ou adultos.
A mais eficiente propaganda a definir seus perfis gestores é, sem dúvida, a realização (ou a não realização) das muitas obras que fizeram (ou não fizeram) em benefício (ou malefício) dos lugares onde vivem.
Entre quem se apresenta (novamente) “disposto a enfrentar os problemas” de um bairro, uma cidade, um Estado ou um país cheio de corruptos como o nosso – mesmo tendo muitos dos tais eleitos gestores já se mostrado eles mesmos corruptos – a despeito do que penso sobre a “inevitabilidade” da tradição negativa das ações da politicagem brasileira (e mundial), pra fazer sair do coma minha esperança eu prefiro crer melhores candidatos e candidatas pessoas quem não têm histórias de atuações ilícitas no âmbito da política nacional e local, embora seja necessário que tenham experiências como gestores e/ou gestoras de primeiros e segundos escalões da administração pública municipal, estadual ou federal ao conhecimento das respectivas realidades sociais com que convivem e/ou conviverão, embora nunca experiências que lhes mostram “razões” para conchavos com empresários inescrupulosos; ou para o uso de enferrujadas politiqueiras alianças em benefício da permanência daqueles que, depois de devolverem tudo o que, por gerações e gerações, surrupiaram dos cofres públicos à manutenção da riqueza de seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos, numa demonstração de verdadeira consciência social deveriam já ter se cansado de espoliar os bens públicos a fazerem crescer seus patrimônios individuais e, então, agindo daquela forma honesta que prometeram em campanha, entregarem-se à Polícia Federal para providências aos seus encarceramentos inafiançáveis e, de preferência, “perpétuos”.
21/08/2012
* Texto constante em meu livro inédito ADEUS, AMIGOS - E OUTROS TEXTOS INÚTEIS
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